Gostaram da festa? Se divertiram? Ganharam alguma coisa? Aliás, alguém não ganhou? Não me surpreende mais ver a falta de critério falar mais alto do que qualquer carro de som que circule ali pelo centro da cidade. É uma coisa fora do sério. Parece pegadinha, piada ou uma crítica absurda feita bem embaixo do nosso nariz e nem percebemos, já que estamos de olhinhos brilhando, para ver quem vai pegar o caneco da vez. Mas, já que eu sei que o sistema correio não é tão sarcástico e inteligente assim, e que pelo menos 80% dos presentes foram ao local pelo boca livre e pela bebida 0800, fico menos aflito.
Todo prêmio voltado para a publicidade e a propaganda, se propõe a destacar justamente o diferente, o criativo, às vezes até o óbvio que, de tão óbvio, é genial. E o que temos aqui? Uma Criatividade que rema, rema, rema e morre na praia e um Chapéu que eu não quero nem pintado de ouro. Esse por sua vez, se emprega da difícil tarefa de selecionar o mais corriqueiro da nossa propaganda e ainda por cima, dar-lhe um prêmio. Vi o estereótipo de cada categoria ser agraciado: o varejo mais rasgado, o governamental mais quadrado, o institucional mais clichê, tudo sem sal e sem graça. Salvo umas justas premiações – não mais que 4 ou 5, das 39 da noite. 39? Como ser seletivo assim? Se jogassem os prêmios pro avanço, talvez fosse até mais justo, porque seria preciso fazer algum esforço para pegar um.
O legal, que muita gente nem percebe, é que esse prêmio virou sinônimo de coisa ruim. E que ao invés de ser uma distinção, pode passar a ser uma queimação. Não que tudo que ganhe seja ruim, mas pelo fato de muita coisa ruim ganhar. O Chapéu de Ouro virou um híbrido de Pérola Negra com Framboesa de Ouro. Até as palmas eram desafinadas. Sem deixar falar, é claro, do melhor da festa: os trocadilhos mal feitos pelos apresentadores. Meu Deus! “Essa campanha é uma Dádiva!”, “Ponto “d” Criatividade”, “Os Três da Três” entre outras.
Insisto. Movimentem-se para criar um prêmio de verdade. Livre de sistemas de comunicação, apolítico, que dê gosto ganhar, julgado com autoridade e propriedade, que analise realmente o potencial criativo das peças. Um prêmio que realmente valha ouro para os apaixonados por propaganda e não que tenha ouro apenas no nome.
E como colírio, uma peça igualmente veiculada no J.Correio. Será que a McCann irá inscrevê-la no Chapéu de Ouro Besouro 2008?