quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Não tiro o Chapéu.

Gostaram da festa? Se divertiram? Ganharam alguma coisa? Aliás, alguém não ganhou? Não me surpreende mais ver a falta de critério falar mais alto do que qualquer carro de som que circule ali pelo centro da cidade. É uma coisa fora do sério. Parece pegadinha, piada ou uma crítica absurda feita bem embaixo do nosso nariz e nem percebemos, já que estamos de olhinhos brilhando, para ver quem vai pegar o caneco da vez. Mas, já que eu sei que o sistema correio não é tão sarcástico e inteligente assim, e que pelo menos 80% dos presentes foram ao local pelo boca livre e pela bebida 0800, fico menos aflito.

Todo prêmio voltado para a publicidade e a propaganda, se propõe a destacar justamente o diferente, o criativo, às vezes até o óbvio que, de tão óbvio, é genial. E o que temos aqui? Uma Criatividade que rema, rema, rema e morre na praia e um Chapéu que eu não quero nem pintado de ouro. Esse por sua vez, se emprega da difícil tarefa de selecionar o mais corriqueiro da nossa propaganda e ainda por cima, dar-lhe um prêmio. Vi o estereótipo de cada categoria ser agraciado: o varejo mais rasgado, o governamental mais quadrado, o institucional mais clichê, tudo sem sal e sem graça. Salvo umas justas premiações – não mais que 4 ou 5, das 39 da noite. 39? Como ser seletivo assim? Se jogassem os prêmios pro avanço, talvez fosse até mais justo, porque seria preciso fazer algum esforço para pegar um.

O legal, que muita gente nem percebe, é que esse prêmio virou sinônimo de coisa ruim. E que ao invés de ser uma distinção, pode passar a ser uma queimação. Não que tudo que ganhe seja ruim, mas pelo fato de muita coisa ruim ganhar. O Chapéu de Ouro virou um híbrido de Pérola Negra com Framboesa de Ouro. Até as palmas eram desafinadas. Sem deixar falar, é claro, do melhor da festa: os trocadilhos mal feitos pelos apresentadores. Meu Deus! “Essa campanha é uma Dádiva!”, “Ponto “d” Criatividade”, “Os Três da Três” entre outras.

Insisto. Movimentem-se para criar um prêmio de verdade. Livre de sistemas de comunicação, apolítico, que dê gosto ganhar, julgado com autoridade e propriedade, que analise realmente o potencial criativo das peças. Um prêmio que realmente valha ouro para os apaixonados por propaganda e não que tenha ouro apenas no nome.

E como colírio, uma peça igualmente veiculada no J.Correio. Será que a McCann irá inscrevê-la no Chapéu de Ouro Besouro 2008?


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

E na pqp a incompetência toma conta.








Taí um bom exemplo do que um péssimo redator é capaz de fazer. Mas seria injustiça dar esse mérito apenas ao gênio que concebeu esses títulos. Ele está rodeado de profissionais que, a priori, são altamente criteriosos, cultos, exigentes, de ótimo bom gosto, eruditos e uma porrada mais de coisa – são? – E mesmo com todo esse apetrecho intelectual a seu favor, uma idéia babaca assim passa pelos seletos e refinados paladares da dupla, do diretor de criação, do atendimento, e do cliente – esse, o mais inteligente de todos, que deixa agregar tão fabulosos valores e argumentos a seu produto. Me faz passar mal. Ô mal gosto desgraçado! Existem tantos profissionais bons, tantas boas idéias jogadas fora todos os dias, tanto suor escorrendo da cabeça de criativos que realmente querem fazer o melhor para seus clientes e para sua agência, ai vem um desalmado desse e exclama: tive uma idéia! Pelo menos é corajoso – porque é preciso muita coragem pra assumir que peças assim são frutos seus. Tu tiveste foi uma infecção intestinal, energúmeno. O melhor de tudo, é saber que esse pessoal ganha mais do que eu.

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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Antares, 20 anos. Melhor quando tinha 10.


Já chegou a impressionar muito o mercado, foi referência em criatividade por alguns anos – quando propaganda criativa era algo ainda “novo” e meio desconhecida na Paraíba a Antares revolucionava. Seus trabalhos chamaram a atenção de muita gente, fossem publicitários ou não. Isso lhe rendeu o título de uma das mais conhecidas da cidade, e é ainda hoje. Essa característica, também é peculiar a outra grande agência, essa, de proporções infinitamentes maiores, referência mundial de propaganda, sinônimo de cultura e criatividade: a W/ Brasil. E não, não acho essa comparação lá tão absurda assim. A Antares ainda tem um nome muito forte na cidade, principalmente, e curiosamente, junto à população. Além de ter sido responsável por grandes cases da propaganda local. Digamos que: assim como a W/ está para o Brasil, a Antares esteja para Paraíba – em termos emotivos e históricos, claro. O que me dói é saber que hoje a agência não rende nem metade do que rendia na década passada, quando o assunto é criatividade, inovação, ousadia, ou melhor, propaganda da boa.

Novas agências aparecerem na Paraíba, no Brasil e no mundo. Estas, trouxeram novos pontos de vista, novas idéias e novos conceitos à público. Isso, junto ao aperfeiçoamento dos profissionais envolvidos no meio e o processo de conscientização dos clientes, causou uma reviravolta no que se conhecia como propaganda e, mesmo longe do epicentro, os tremores chegaram por aqui – demoraram, mais chegaram!

Diante do desafio de fazer uma propaganda mais criativa, algumas agências paraibanas se mostraram totalmente incompetentes. Umas arriscavam e não conseguiam, outras nem arriscavam, já outras nem sabiam o que era tudo aquilo que estava acontecendo. Por que? Simplesmente, não sei. Em outras regiões, a coisa aconteceu de maneira parecida e hoje têm uma propaganda bem superior à nossa. Falta de interesse e/ou de referência pode ser uma desculpa.

Diferentemente da maioria, a Antares ousava. Vi um guarda-chuva vermelho se abrir em meio a outros pretos, vi crianças jogarem bola em um filme emocional e com uma fotografia muito bonita, vi também uma família sedentária se instigar para malhar, com direito até a efeito especial de teia de aranha feita com isopor e cola, entre outros com espermatozóides e trilhos de trem. Há aqueles que digam que eram chupadas, idéias batidas, clichês, mas não tem como negar, era diferente e ousado.

É, sem sombra de dúvida, sou mais fã da Antares de 10 anos. Aquela que não tinha o discurso “prêmios não nos interessa” – verdade? Que procurava o novo, que surpreendia. Mas parece que os 20 pesaram como 80. As idéias são comuns, passivas e de sorriso amarelo. O novo de lá ficou velho. Com artrose, artrite, osteoporose e o pior, sem graça. Assim está a nossa W/ paraibana, aos 20 anos, velha de espírito.

Parabéns, Antares.